Sarrabulho Doce

A origem do sarrabulho doce é antiga e desconhecida, mas os antepassados foram ensinando a confeção deste doce entre as várias gerações para nunca se perder.

Dizia-se até que se tratava de um doce dos pobres, dada a ausência de receitas que relatassem os ingredientes e medidas certas. Por isso, diz-se que é uma receita de fazer “a olho”.

É um doce de comer à colher com dois ingredientes principais: o pão de Padronelo, com pelo menos dois dias, partido em pedaços pequenos e o sangue de porco cozido e esfarelado.

Numa calda com água, açúcar, mel, canela e vinho do Porto, estes dois ingredientes são envolvidos e dão ao doce uma aparência particular e um sabor único.

Uma história de quem fez e faz o sarrabulho doce

“Hoje escrevo sobre aquela manhã fria de janeiro, coberta por um belo manto de geada e um cerrado nevoeiro. Eu acordava bem cedo para preparar tudo para aquele que seria um dia de festa e de tradição em muitas aldeias de Portugal, principalmente as do Norte: a matança do porco.

A minha tarefa era deixar debaixo do animal um alguidar com um punhado de sal grosso para aparar o sangue do porco. Depois de ouvir um grunhido violento e ensurdecedor, as mulheres seguiam apressadamente para levantar o alguidar com o sangue que ficava coalhado rapidamente. À lareira já estavam as panelas de ferro de três pernas com água a ferver para cozer os pedaços de sangue que posteriormente eram usados para fazer o sarrabulho doce.

Ainda consigo sentir o cheiro da calda com o açúcar, o mel, a canela, o vinho do porto e, por fim, o sangue esfarelado e os trigos de Padronelo. Sempre quis aprender a receita, mas os mais antigos e experientes diziam que o melhor sarrabulho era feito “a olho”. Eu acho que eles estavam certos.

Hoje confeciono o Sarrabulho Doce para que nunca deixe perdido do tempo um prato tão particular e singelo mas que fez e faz parte da minha história.”